Carreiras são escolhidas por necessidade, desejo, oportunidade ou afinidade. Costumo dizer que não escolhi ser psicólogo (minha primeira profissão). Acredito fielmente que a Psicologia me escolheu. Durante anos afirmei que nada me faria mais feliz. Hoje sou um apaixonado e devoto da escrita, mas devo minha construção ao que recebi da "ciência do pensamento e do comportamento".
Sou um ser humano, homem, marido e pai desenvolvido, em grande parte, graças ao que herdei da Psicologia, e hoje, como escritor, tenho me apropriado muito dessa mesma fonte. Os manuais que devorei na faculdade e depois dela me trouxeram conhecimento. Pude conhecer os males aos quais todos estamos sujeitos. A poltrona de terapeuta me trouxe experiência. Experiência para acolher e auxiliar na superação de sofrimentos que oprimem, constrangem e anulam identidades e realidades.
Conhecimento e experiência que trouxeram sensibilidade. Ser capaz de discorrer sobre temas ligados à maldade e à loucura é um atributo realmente incrível para um escritor, assim como possuir habilidade para abordar e desenvolver relacionamentos intensos, conturbados e cheios de paixões e controvérsias, mas a sensibilidade me trouxe algo ainda mais valioso na vida de um escritor. A crença inabalável na força da dor, do perdão e do amor, elementos inafastáveis da vida humana, seja ela vivenciada em suor e lágrimas reais ou retratada fantasiosamente em páginas escritas.